ARTE É PARA ALEGRAR, também.

"Quero criar pinturas universais, ao alcance de todos e que as pessoas vejam um quadro meu  e fiquem com um sorriso no sorriso."   Romero Britto



  Foi assim que fiquei: com um sorriso no rosto e completamente perplexa diante de uma obra de Romero Britto pela primeira vez.  Nunca vou me esquecer desta sensação.  Acabei adquirindo essa gravura com a assinatura dele.  Já é um começo...




As pinturas de Romero Britto transpiram alegria.  Britto retrata um mundo onde a felicidade e a serenidade imperam: há casais dançando, gatinhos sorrindo, peixes-voadores saltando à tona, flores desabrochando e amantes se beijando.  Para atingir emoções tão delicadas, Britto criou sua própria linguagem pictórica.  Com cores brilhantes, formas harmoniosas e desenhos agradáveis, sua arte precisa ser absorvida em termos próprios.
A alegria de viver, expressada na obra de Britto, contrasta de forma dramática com as dificuldades de uma infãncia pobre.  Criado nas favelas de Recife, Brasil, a educação que recebeu poderia ter se refletido numa arte soturna ou melancólica.  Entretanto, apesar das muitas adversidades sofridas na infância, o artista resolveu criar uma arte otimista, isenta da ansiedade e medo.  Diz ele:  "Não creio que devamos viver isolados ou falar de coisas terríveis.  Pessoalmente, não gosto de debater os problemas do mundo - prefiro falar sobre soluções.  Hoje em dia, os jornais publicam casos pavorosos e más notícias.  Eu, ao contrário de tudo isso, creio em minha arte e no poder de uma mensagem positiva.   Quando era jovem, a vida me parecia um pesadelo.  Tudo parecia desmoronar ao meu redor.  Agora, meu mundo é minha arte.  Em meu estúdio, debruçado sobre as telas, posso criar e controlar um mundo pequeno, perfeito, que posso compartilhar com todos.  Por que haveria de desejar compartilhar meus pesadelos?"
"Caravaggio impressionou-me de forma marcante.  Uma vez, meu irmão - que era vendedor de livros de arte e enciclopédias - deu-me um livro a respeito de Caravaggio.  Claro, eu nunca havia estado na Europa e não havia visto nenhuma obra dos Velhos Mestres.  O que mais me impressionou foi a violência que emanava da obra de Caravaggio - como se estivesse cortanto gargantas.  Soube no mesmo momento que aquilo representava tudo  o que eu não queria ver em minha obra."
Desde então, Britto seguiu uma trajetória definida em busca de temas alegres.  Num século de tanta agitação, poucos artistas tiveram êxito na criação de uma arte que festejasse a vida - e - Britto tem posição definida dentro da tradição desses pintores.  Pensar-se-ia em Matisse - cujas cores e desenhos vibrantes mantiveram afastada a dor provocada por duas guerras mundiais.  Da mesma forma, os amantes livres de Chagall parecem um prenúncio dos casais exultantes retratados por Britto.
 Eileen Guggenheim
Fonte: Brazilianart Book - Edição Especial


Comentários

Postagens mais visitadas