UM BRINDE ÀS RELAÇÕES QUE NOS INCENDEIAM

Um manjar das deusas: Bolo Red Velvet. 


Toda essa textura aveludada, a intensa doçura impregnada nessa calda de frutas vermelhas fizeram-me lembrar do saboroso filme Como Água Para Chocolate (1992), muitas cenas imediatamente foram reproduzidas em minha mente alertando-me que algo especial estava acontecendo - é isso que uma comida afetiva provoca: detonador de vida!

Celebrei meu domingo assistindo pela zilhonésima vez e diante de tantas cenas voluptuosas e sensuais, deparo-me com esse diálogo doce e terno entre o médico e Tita; tentativa belíssima de tirá-la da melancolia: 
"(...) Em 1669, Brandt, um químico de Hamburgo, procurando a pedra filosofal, descobriu o fósforo.  Minha avó, Luz do Amanhecer, era uma índia Kikapu. Ela dizia que todos nós nascemos com uma caixa de fósforos em nosso interior. E que não podemos acendê-los sozinhos. Precisamos como  nesta experiência [de Brandt] de oxigênio e da ajuda de uma vela. Só que no nosso caso, o oxigênio deve vir por exemplo, do hálito da pessoa amada. A luz da vela pode ser qualquer coisa.
Uma melodia, uma palavra, uma carícia. Um som. Qualquer coisa.  Algo que ative o detonador. E acenda um dos fósforos.  Cada pessoa tem que descobrir quais são seus detonadores para poder viver.  Já que a combustão que se realiza ao acender um deles, isso é o que nutre a alma de energia, Tita. Se não há detonador para os fósforos, então a caixa de fósforos fica úmida. E nunca mais poderemos acender nenhum deles.
Há muitas maneiras de colocar para secar uma caixa de fósforo úmida. Pode ter certeza de que sim, há solução.
É claro que também é muito importante acender os fósforos um a um. Já que se for uma intensa emoção chegaríamos a acender todos de uma só vez, e aí produziremos um resplendor tão forte, que diante de nossos olhos aparecerão um túnel esplendoroso que nos mostrarão o caminho que nos esquecemos ao nascer. E que ao mesmo tempo nos chama para encontrar nossa origem divina perdida." 
EL BESO from miguelangelpiedra on Vimeo.

Um brinde aos encontros detonadores de vida. O psicanalista francês Lacan diz algo sobre essa necessidade de celebrar: "festa é aquilo que se espera". Quase um ritual para garantir a realização de desejos.  É a necessidade de perpetuar o extraordinário, o especial e mais que isso, é também o momento em que o anfitrião diz ao convidado: "Que bom que você veio, que bom ter você por perto."

Gosto de pensar que cada pessoa, cada relação é uma chance de nutrir a alma de energia.  E já que não se pode fazer isso sozinho, um brinde a você, que deixou-me entrar.

 

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