UTOPIA - UM BOM JEITO DE MELHORAR O MUNDO

Para que serve a utopia?  Para nos fazer caminhar.

Na última sexta-feira estive no Ekoa Café, no lançamento da publicação Rede Arte da Ilha Guarujá, projeto desenvolvido pela Associação Mundaréu em parceria com o Governo de São Paulo, que atende cinco comunidades.  Objetivo principal do projeto é contribuir para a renovação e fomento do artesanato caiçara, por meio da identificação, valorização e apropriação de ícones e referências culturais locais.

Fiz questão de participar porque queria ver de perto o trabalho, as pessoas que possibilitaram esse trabalho.  Foi uma grande emoção, ver ali, sonhos cristalizados.  Afinal, a utopia tem serventia!

E a utopia dá trabalho! Hum ano e nove meses: meses pesquisando a cultura caiçara, mais alguns meses estruturando: formando equipe de trabalho, testando, experimentando, errando, acertando... meses. E quando se vê, o mundo melhorou.

Fiquei imaginando a rede de pessoas envolvidas neste processo: direta e indiretamente.  Meses acreditando, caminhando no sol, caminhando na chuva... meses.  E quando se vê, o mundo melhorou.

Tive a sorte de conhecer a Cleide, da comunidade de Marezinha e a Fátima, da Comunidade de Santo Antonio.  Ambas, mulheres fortes, engajadas, talentosas e falantes!  Contaram com orgulho sobre seus trabalhos.  Os bordados são feitos a partir de imagens do cotidiano, registradas por elas.  São: cadeiras e guarda-sol na praia, árvores com seus abricós, garotas de biquini num dia ensolarado e por aí vai.  Quem conhece o Guarujá reconhece as imagens.







Eu, Cleide, Fátima, Renata (Coord. do Projeto) e a Berna. Engajadas, falantes e felizes!

Lindo, lindíssimo!  Essa é a parte direita do bordado (a que todo mundo vê) caprichada!  Porém, como toda bordadeira que se preze, fizeram questão de mostrar-me o verso (o lado de dentro, aquele que pouca gente vê, mas que é tão ou até mais caprichado).  E quando se vê, o mundo melhorou.

Minhas novas amigas,  contaram as peculiaridades, as histórias que se desenvolvem dentro dessas histórias.  São inúmeras, espero que ainda relatem num livro.  Mas tomo a liberdade de partilhar duas: de uma senhora que quando chegou ao projeto não sabia bordar, questionava se ainda era possível aprender com essa idade (o grupo é formado por mulheres na faixa etária dos 45 a 65 anos), muito acanhada tinha dúvidas.  Tímida, muito tímida, aos poucos foi ganhando confiança, aprendeu a bordar - parte do trabalho apresentado nas fotos foi feito por ela - e realizou um grande sonho: ler os salmos no púlpito de sua igreja.  Isso foi motivo de muito orgulho e alegria para ela.

Outra história muito comovente foi de uma artesã, também muito tímida.  Nunca se manifestava, porém numa reunião recente, ela manifestou seu sentimento, ela disse bastante emocionada e chorando: '-Se um dia isso aqui acabar não sei o que será de minha vida.' 
É esse tipo de iniciativa que enche minha vida de sentido; que me faz crer no ser humano; me me faz querer viver.  E quando se vê, o mundo melhorou.

Parabéns a toda equipe envolvida neste projeto! Parabéns Mundaréu.
Para saber mais:

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