AS PEDRAS QUE ATIRARAM EM MIM...
Dia desses, encontrei com minha querida amiga e eterna professora ou eterna amiga e professora - já não sei mais onde termina uma e começa outra relação - Beth Cortella, e juntas refletimos sobre acontecimentos desagradáveis, dissabores, até desafetos. Como algumas vezes é dolorosa a indiferença; como às vezes falta delicadeza e elegância nas relações. Sim, somos solidárias nesta causa.
Não que sejamos carentes, isso não! Mas bondade e cortesia deveria ser uma constante nas relações humanas, afinal não somos máquinas.
Fui para casa refletindo e acabei lembrando que passo por essa situação, frequentemente, também. Quis que ela soubesse que entendo como se sente e ela muito generosamente incentivou-me a postar nosso diálogo. Não imaginei o quanto seria poético, mas a Beth, com sua sensibilidade de grande artista, que é, enxergou poesia.
"Sou alvo fácil para as pedras. Não que goste desta condição, absolutamente; mas o fato é que parece ser costume atirarem pedras em mim. Talvez porque sou muito exposta, ou porque meu teto é de cristal Baccarat ou Moser, ou porque tenho cara de quem gosta de ser apedrejada, ou por que sou 'espevitada' em demasia e isso irrita ou talvez seja tudo isso junto. De tanto tomar pedrada, às vezes nem sei de onde veio, só sinto o estrago feito, aprendi a 'lavar' as pedras que atiram em mim e construir jardins, edificações... aprendi a construir. Algumas pessoas precisam diminuir os outros para se edificarem; eu prefiro juntar as partes boas de uma ruína e construir uma nova edificação. Assim estarei sempre em construção, sempre evoluindo.
Não que sejamos carentes, isso não! Mas bondade e cortesia deveria ser uma constante nas relações humanas, afinal não somos máquinas.
Fui para casa refletindo e acabei lembrando que passo por essa situação, frequentemente, também. Quis que ela soubesse que entendo como se sente e ela muito generosamente incentivou-me a postar nosso diálogo. Não imaginei o quanto seria poético, mas a Beth, com sua sensibilidade de grande artista, que é, enxergou poesia.
"Sou alvo fácil para as pedras. Não que goste desta condição, absolutamente; mas o fato é que parece ser costume atirarem pedras em mim. Talvez porque sou muito exposta, ou porque meu teto é de cristal Baccarat ou Moser, ou porque tenho cara de quem gosta de ser apedrejada, ou por que sou 'espevitada' em demasia e isso irrita ou talvez seja tudo isso junto. De tanto tomar pedrada, às vezes nem sei de onde veio, só sinto o estrago feito, aprendi a 'lavar' as pedras que atiram em mim e construir jardins, edificações... aprendi a construir. Algumas pessoas precisam diminuir os outros para se edificarem; eu prefiro juntar as partes boas de uma ruína e construir uma nova edificação. Assim estarei sempre em construção, sempre evoluindo.
Há exatamente um ano, recebi uma tarefa de um sacerdote: lavar todas as pedras do jardim do Templo (sabe Deus o que ele queria com isso; acredito que testar minha humildade, talvez). Foi dificílimo, porque foi muito solitário, cansativo, braçal e até humilhante, talvez.
Passei uma semana carregando pedras, deixando as pedras de molho, trocando a água das pedras, cuidando, esfregando uma a uma (eram centenas) e secando ao sol. Se no início foi difícil encarar aquela pedreira, após alguns dias, acredite, fiquei amiga das pedras; lavei-as com carinho e doçura. Existiu um limite entre a autopiedade (que não é minha praia, mesmo) ou ficar amiga das pedras. Aí tive meu estado de iluminação: talvez seja por isso que jogam tantas pedras: porque precisam ser lavadas. Talvez algumas pessoas não saibam lavar suas pedras e entre aprender, preferem jogar nos outros. Entre sujar e lavar, prefiro ser quem lava.
Ao final muitos 'limos' e 'crostas' internas foram diluídas e surgiu espaço para o florescer das lavandas.
Não sei se fiquei mais humilde, mas aprendi que as pedras, quando lavadas, ficam lindas!
Ao final muitos 'limos' e 'crostas' internas foram diluídas e surgiu espaço para o florescer das lavandas.
Não sei se fiquei mais humilde, mas aprendi que as pedras, quando lavadas, ficam lindas!
Após um ano, passo pelas amigas-pedras - agora estão cercadas de orquídeas - e posso ouví-las:
-Ei Adriana, precisamos ser lavadas!
E aí me dou conta, que ainda há um longo caminho - de pedras - para polir minha alma.
Comentários
Liliana
Parabéns suas edificações estão cada vez mais sólidas e lindas!
Patricia
saudades de vc.! Isso é bem real, sim! um grande aprendizado!
gde. abraço e boa semana!
vc. é parte da 'edificação'.
agradecida por tudo!
linda semana!!!!
Beth
Minha amiga-professora ou minha professora-amiga, já não sei onde começam e onde terminam essas relações... por isso sou eu que aprendo com vc., sempre! e como vc. é bonita! generosa e sempre me possibilitando construir jardins! as amigas-pedras agradecem!
gde. beijo, muitas lavandas pra vc., nesta semana
isso! lave-as com doçura e vc. terá amigas, indicando bons caminhos, por toda vida!
durante o 'processo' vc. perceberá que pedras, tb. são sábias e delicadas. simplesmente aceite!
gde. beijo!
São tantas pedras que perdi de vista!!
Nunca me esqueço da sua doçura!!
Abraços!
que alegria encontrá-la aqui! reúna todas as pedras e construa, sempre!
Agradeço sua visita, gde. beijo!