OURO DE ARTISTA É AMAR BASTANTE

Diria que de todo ser humano, amar, deveria ser ouro.  Sinto falta de amor neste mundo.  Estamos "empobrecidos", "falidos".  Não falo do amor romântico, idealizado, perfeitinho...  Falo do amor em aprender, em querer evoluir, do amor que ensina a respeitar o outro, a se interessar pelo outro, pelas coisas do outro.  Do amor que vem do encantamento a cada descoberta, do amor que se esconde nos segredos: quando não  há mais o que descobrir, o amor migra para outro lago...

Encontrar com Leonilson, por três vezes, na Exposição SOB O PESO DOS MEUS AMORES acalma minha alma.  É exatamente a frase que inicia este Blog: "Os espelhos são usados para ver o rosto, a arte para ver a alma."  George Bernard Shaw

A cada obra, a construção de um espelho.  Ao término, lá estava eu refletida, na essência e gostei do que vi.

Muito grata, caro Leonilson, por proporcionar-me isto.

Logo na entrada, já é possível sentir um "climão".  Ali mesmo toda resistência "cai por terra", fica-se absolutamente desarmado, entregue.

SOB O PESO DE MEUS AMORES

Eu vejo a distância

Eu vejo os perigos

Eu vejo os outros gritando

Eu vejo um

Eu vejo o outro

Não sei qual amo mais

Sob o peso de meus amores

Leonilson amou intensamente.

Não perdia tempo; registro de suas emoções era parte de seu cotidiano.  Sorte a nossa...

Catalogava tudo: desde as viagens até as emoções mais profundas.

"Não temos a idade do tempo mas a da nossa atenção para com quem amamos."

"...Ao homem é dada a ajuda de um anjo da guarda.  Anjo esse que a gente conhece numa festa e ao se apaixonar por ele Deus nos dá a segurança dos céus, frágil segurança que pode se romper com lágrimas ou ócio, mas que leva os homens pelo túnel do destino, o abismo e pelo poço  cheio de shopping centers."

"...Fico vazio e sinto desfalecer umas horas.  Qualquer música me faz chorar e a repito mesmo assim e eu trato de correr por 2 dias e mais 2  e mais 2 e não chego a lugar nenhum."

Ele menciona, num momento de sua trajetória , que não queria produzir arte, mas objetos de curiosidade.

Em suas andanças por este mundão, ele teve a sorte de encontrar grandes parceiros.  Um deles: Albert Hien

Essa maravilhosa e até curiosa instalação foi produzida em parceria com Albert, a partir do acidente de Chernobyl*, Ucrânia em 1986.  Ficaram absolutamente sensibilizados.  "Tentaram" reconstruir" o mundo, isento de ameças.

*http://www.brasilescola.com/historia/chernobyl-acidente-nuclear.htm

Estão expostas mais de 300 obras, 300 descobertas, 300 encantamentos.  Gostaria de poder mencionar pelo menos parte.  Seria um prazer e até terapêutico, mas na impossibilidade escolho uma especial, muito emblemática que reflete o momento que vivo atualmente.

Bem a calhar.  Um de meus projetos pessoais em 2011 é justamente deixar de ser Patinho Feio e virar Cisne.  Começo a sentir algumas penas caírem, substituídas por plumas.  José Leonilson: SEM POUPAR CORAÇÃO.

Infelizmente a exposição irá até 29.05.  Para quem não pôde ver, o video dá um pouco do que é seu legado, mas sempre fica o gosto de quero mais.

Não poderia também deixar de registrar meu agradecimento à alma generosa que incentivou-me a visitar a exposição e à primorosa equipe que nos proporcionou toda essa emoção.  Merecem palmas, tapete vermelho e muito grata!
 

Fiquei inspirada com a cumplicidade de Leonilson e Albert e convidei minha amiga Lídia, a partilhar esta postagem; quem sabe um dia produziremos algum trabalho juntas!  Na próxima postagem as emoções da Lídia em SOB O PESO DE MEUS AMORES.