RITUAL DE PASSAGEM

Pela estrada afora...

Há quatros meses - 18/06 não esquecerei essa data jamais - solicitaram-me que apresentasse um trabalho inédito; teria apenas três dias para criar a poética, produzir, registrar o processo e apresentar. Entraria para uma seleção e se aprovado participaria de uma importante feira de arte contemporânea em Paris, dentro do Louvre, no Carrousel do Louvre.

Meu nome é o 11o. do catálogo do Carrousel du Louvre

Experiência faraônica: 10.000 visitantes na abertura, 600 artistas do mundo inteiro. Paralelamente, vivi intensamente um romance: Je T'aime Paris! Não há um único dia em que não pense em vc a cada 5'.  Fui arrebatada, não sou mais a mesma. É notório que minha vida mudou, eu mudei e nesse processo meu universo expandiu.  Foi preciso ir a Paris para encontrar-me, assumir-me, organizar-me: quem sou, o que quero, o que tenho a oferecer. Precisei reunir meus vinte anos de estudos e práticas em arte/educação e sintetizar tudo num único local: um site.  Muitos contatos, muitas conexões, as pessoas querem conhecer meu trabalho. 

Há um mês - desde que cheguei de Paris - reúno o material para a construção do site e aí algo interessante acontece: [des] construções. Escolher o que fica, o que vai. Ter um panorama para avaliar quais trabalhos devem ser exibidos, quais já não fazem mais sentido: as escolhas. Foi aí que percebi que minhas escolhas me levaram ao Louvre. Foi um processo natural: quando vc escolhe um caminho, abre mão de todos os outros, corre riscos, erros, acertos, aprendizados. Escolhi muitas vezes caminhos tortuosos, o caminho das pedras. Não me arrependo. Sinto um frio na espinha em imaginar se não escolhesse caminho algum; se ficasse esperando que algo extraordinário acontecesse. Não acredito em destino, acredito em escolhas. O mais importante são as escolhas, o posicionamento. Ficar em cima do muro, pode proteger, mas impede que o trajeto seja feito e não se chega a lugar algum.  Fazer uma escolha é arcar com os riscos, mas é também construção e [des] construção.

Meu Torii particular

Torii na cultura japonesa é um espaço intermediário de passagem para o território divino. Daí vem uma outra etapa da caminhada por pedregulhos quando você escuta o seu próprio passo. Sentia-me assim toda vez que deixava o burburinho pra trás. Ao passar por esse espaço era como se estivesse me preparando para entrar em outro mundo...


Passar pelo paredão de pedra era como um ritual de purificação, uma oração; algo era modificado em mim.


Entrei num outro mundo. Quando se faz escolhas, todos os sinais surgem. O trajeto torna-se prazeroso, empolgante, vibrante, excitante. Gosto muito desse meu mundo novo e convido-o a conhecer, caso sinta curiosidade; adriana felippe art  e adriana felippe art facebook 
Minha escolha: casa nova, vida nova. Uma única obra - por enquanto -  neste site: In My Dreams With You, 2014.  A que levou-me a Paris. Eu voltei e ela seguiu para Bologna e agora está na Dinamarca.  Atualmente estou trabalhando em outras quatro obras - encomendas - que marcarão minha nova fase.

Quero agradecer a companhia e a visitação de todas as pessoas que diariamente passam por aqui. Pessoas que nunca vi, provavelmente nunca verei mas por escolherem visitar-me foram meus companheiros de jornada: veja onde chegamos! Claro que vcs podem escolher fechar o ciclo também ou continuar caminhando comigo, agora de uma forma mais interativa.  Será um prazer.

Sim, é uma despedida. Encerro meu ciclo aqui com a certeza de que quando escolhas são feitas, os sinais surgem, a todo momento.
Toda despedida é dolorosa. Meu Querido A ARTE CONTAGIA foi meu companheirão por cinco anos. Recuperava-me de uma videolaparoscopia (cirurgia para tratamento de endometriose). Além do estado emocional e psicológico por estar fragilizada havia outra situação deprimente: era maio de 2009 e só se falava em contágio pela gripe suína... 

Descobri que - holisticamente - endometriose significa criatividade reprimida. Faz sentido. Criatividade reprimida, contágio por gripe suína... Não queria ficar reprimida e nem queria ser contagiada pela gripe suína... Já sei: resolvi montar um blog: A ARTE CONTAGIA. Uma boa forma de liberar minha criatividade, mesmo que ninguém lesse.

Cinco anos depois - de contágio em contágio, de sonho em sonho, de arte em arte acabei em Paris.


Acabei de acordar de um sono revigorante...estava sonhando que estava em Paris... Em todos os lugares as pessoas eram gentis e chamavam-me de madame! Ohhh La La... Mas não é sonho...  
Paris, 21.10.2014
De todas as minhas escolhas a melhor delas: ousar sonhar.





Adoro adoro adoro Travis. Já ouvi essa música 5099499488103009884008787766 vezes. Acompanhou-me durante toda a viagem, desde o avião.

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